sábado, 11 de julho de 2009

Deus é Pop



Esse é o título da reportagem de capa da revista Época nº 578 (15/06/09). O repórter Nelito Fernandes fala sobre o crescimento da religiosidade entre os jovens e da busca desse segmento da população por novas formas de expressão da fé cristã. O texto tem por fundamento uma pesquisa do instituto alemão Bertelsmann Stifung, realizada em 21 países, que revela que o jovem brasileiro é o terceiro mais religioso do mundo: 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos declaram-se religiosos e 65% afirmam ser "profundamente religiosos". Mas o que intrigou os pesquisadores foi a aparente contradição entre o percentual encontrado nessas questões em comparação ao questionamento seguinte: quando indagados sobre a prática da fé, apenas 35% disseram viver de acordo com os preceitos religiosos. Isso faz do índice brasileiro de coerência religiosa um dos mais baixos. A antropóloga Regina Novaes explica: "O jovem tem fé, mas não aceita o pacote pronto institucional". Ou seja, as práticas religiosas, tal como se apresentam, não tem correspondido às necessidades e anseios dessa parcela da população.




E é daí que surgem as igrejas inovadoras e suas doutrinas flexíveis, com destaque especial para as igrejas evangélicas. Nelito Fernandes prossegue sua reportagem:


"A capacidade de se adaptar ao espírito do tempo para responder aos anseios dos jovens parece ser um trunfo dos evangélicos - que, em termos estatísticos, avançam sobre as demais religiões no Brasil. "Sem dúvida, um dos principais fatores que explicam a explosão evangélica no país é essa característica de se ajustar aos valores da sociedade. O neopentecostal aceita coisas que eram impossíveis há três décadas", diz a antropóloga Cristina Vital, do Instituto de Estudos da Religião, do Rio de Janeiro. Cristina lembra que o catolicismo também passa por uma transformação, muito menos radical.


Embora exista uma tentativa de fazer frente ao apelo pop dos evangélicos, a imagem da Igreja Católica parece velha para boa parte dos jovens. Quando um bispo tenta impedir que uma menina de apenas 9 anos possa fazer aborto após ter sido estuprada, contrariando uma garantia legal e uma recomendação médica, ele contribui indiretamente para afastar do catolicismo até jovens fervorosos.


A socióloga Dulce Xavier, do grupo Católicas pelo Direito de Decidir, diz que as posições intransigentes da Igreja afastam os jovens. "A Igreja Católica está parada no tempo na questão das liberdades individuais. O jovem é contestador não aceita isso", diz Dulce. O teólogo Fernando Altmeyer, professor da PUC de São Paulo, diz que a igreja acredita e quer, sim, que seus fiéis sigam seus preceitos. Ele diz que o papa Bento XVI tem seguido uma linha coerente: prefere um cristianismo de qualidade mesmo que minoritário. "(...) a Igreja não vai barganhar seus valores em busca de popularidade", diz Altmeyer. Para ele, o grande desafio dos católicos é contextualizar seus valores e explicá-los aos jovens de uma forma que eles entendam."


Enquanto isso, entre as denominações evangélicas, a diversidade é cada vez maior: igrejas para metaleiros, garotas de programa, lutadores de jiu-jítsu, homossexuais, surfistas, skatistas...

Um comentário:

  1. Bom,
    Isso é uma questão muito particular.
    Eu tenho um pé atrás quando o assunto é esse.
    Acho que algumas igrejas impõem limites exagerados, como igrejas que proíbem a mulher de se depilar, etc.
    Mas há igrejas que afim de atrair, não impõem limite algum, o que pra mim não é o certo.

    Sobre esse assunto, penso que o mais importante é o objetivo da igreja, que na teoria seria a salvação de vidas e adoração a Deus. Se isso é feito, não há como julgar ... mas se isso fica em segundo plano e interesses próprios, e até mesmo financeiros, são colocados em primeiro lugar, temos o direito de repudiar.

    Junior

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