sexta-feira, 26 de junho de 2009

Rodolfo Abrantes (Parte 2)

Sim, no auge de sua carreira, Rodolfo Abrantes largou tudo e tornou-se evangélico. Em entrevista à revista Veja (ed. 2114 - Mai/09), quando questionado se havia perdido a fama, o ex-vocalista dos Raimundos respondeu: "Não perdi a fama, eu a entreguei. Abri mão dos holofotes para ter uma vida simples e feliz ao lado de Jesus."
Se entre os fãs da banda a notícia não foi bem recebida, no meio evangélico, Rodolfo tornou-se um exemplo a ser seguido pelos jovens e passou a ser convidado a relatar sua experiência de conversão em diversas igrejas evangélicas pelo Brasil afora. Um desses convites foi feito por um pastor da Bola de Neve Church, mas foi recusado a princípio, pois Rodolfo não acreditava na seriedade da igreja. No entanto, essa visão mudou após a ida do cantor a um dos cultos, como ele mesmo relata no vídeo a seguir:




Atente para o trecho em que Rodolfo descreve sua identificação imediata com o estilo da igreja e seus membros:
"(...) gente que nem eu, gente com a minha cara. Os manos de regata adorando a Deus, (...) uns doidos mais tatuados que eu, diácono com uns dreadlock no meio da cintura, (...) mó reaggaezeira no louvor. (...) Eu falei: Meu Deus! Uma galera com a minha cara, na mesma vibe!"
Esse relato de identificação foi feito pelo cantor, mas poderia ter sido dito por qualquer outro jovem recém-convertido ao protestantismo em sua primeira visita à igreja, afinal, esse é o grande diferencial da Bola de Neve Church: não se tem a pretensão de mudar a aparência dos jovens, como geralmente ocorre nas igrejas tradicionais, onde piercings, tatuagens e outros elementos estéticos atribuídos aos jovens "mundanos" não são bem vistos. A doutrina da igreja prevê uma mundança interior, de atitudes e estilo de vida, o que a torna muito atraente aos jovens.
Na entrevista concedida a revista Veja, Rodolfo ainda foi questionado se suas tatuagens escandalizam os evangélicos, ao que respondeu: "
Quando vou pregar em igrejas que têm tiazinhas, eu escondo as tatuagens. Afinal, não tem nada a ver afrontar os irmãos que são das antigas." Pois é, Rodolfo, bem-vindo a nova geração de evangélicos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Rodolfo Abrantes (Parte 1)

Vocalista da banda de rock Raimundos, símbolo de irreverência, defensor do consumo de drogas e ídolo de muitos adolescentes, Rodolfo Abrantes, repentinamente, converteu-se ao protestantismo, abandonou a banda e o estilo de vida que levava. A conversão do cantor foi polêmica. O processo foi descrito por Sérgio Martins na reportagem publicada em 27 de Junho de 2001 na Veja On-line:

"Conhecido por suas letras de mau gosto, abarrotadas de palavrões, o grupo de rock Raimundos anunciou sua dissolução definitiva há duas semanas. (...) Os Raimundos terminaram por causa de religião. O vocalista Rodolfo Abrantes converteu-se a uma igreja evangélica e não se sentia mais à vontade para cuspir letras que apelavam para a escatologia, incentivavam o uso de drogas (em especial a maconha) e tratavam seres do sexo feminino como se fossem bonecas infláveis. "Depois de aceitar Jesus, eu tinha vergonha de me ouvir na rádio", desabafa. Surpreendida, a WEA, gravadora que detém o passe dos Raimundos, ainda acredita em uma reconciliação. Na semana passada, os diretores da companhia trancaram-se com os quatro integrantes do grupo para buscar um acordo. Por enquanto, as chances são escassas.

A decisão de abandonar os Raimundos foi apenas mais uma na lista de decisões tomadas pelo roqueiro neste ano. Em janeiro, ele se sentia deprimido por causa das eternas brigas com a namorada, Alexandra Horn (que há pouco era hostess de casa noturna e foi candidata ao posto de apresentadora do Erótica), e pelo consumo excessivo de drogas. Rodolfo fumava maconha como quem bebe água, tomava ácido e ecstasy "socialmente" e vez ou outra se afundava em cocaína. "Não sentia mais fome. Tinha de fumar maconha para ficar faminto e comer", desabafa. Ele decidiu abraçar Jesus depois de freqüentar os cultos da Sara Nossa Terra, igreja que tem sede ao lado de seu apartamento no bairro dos Jardins, em São Paulo. A conversão foi completada com um grupo de orações formado por beatas do templo. Hoje, o punk de Cristo se diz um novo homem. Largou as drogas e dá testemunhos de como a fé curou sua vida. Engordou 14 quilos e se apaixonou pela canção 20 e Poucos Anos, de Fábio Júnior. Isso mesmo, Fábio Júnior. "Eu não abro mão, nem por você nem por ninguém/ Eu me desfaço dos meus planos/ Quero saber bem mais do que meus vinte e poucos anos": esses versos têm para Rodolfo o poder de um salmo de Davi. O cantor largou até os palavrões, uma de suas marcas registradas. "Meu corpo é um templo que não pode ser profanado por palavras e atos pecaminosos", prega.

(...) Os Raimundos estão hoje entre as bandas mais bem-sucedidas do rock nacional. O grupo lançou seis CDs que, somados, chegam a 2,5 milhões de cópias vendidas. Rodolfo era considerado um ídolo dos adolescentes. Agora, tenta apagar seu passado. "Eu não quero que os jovens sigam o estilo de vida pregado pelas minhas letras", diz. Seu sonho é fazer uma espécie de "hardcore do Senhor". Traduzindo: um rock pesado, rápido, com letras religiosas."





quarta-feira, 17 de junho de 2009

Liberal, mas nem tanto

Retiramos o quadrinho abaixo da reportagem "Rebanho do Surfe" publicada na revista Capricho em 2 de dezembro de 2001. Ele resume muito bem a doutrina da Bola de Neve Church:


Os jovens fiéis membros do Bola também não fazem uso de bebidas alcoólicas, tabaco ou drogas de qualquer espécie. Balada? Só se for gospel. Piercings e tatuagens estão liberados! "A igreja não pode julgar. Ela tem de estar lá para transformar sua vida, e não sua aparência" diz Fernanda, 19 anos, frequentadora da igreja na reportagem "Deus é Pop" da revista Época (ed. 578 - 15/06/09).

E pra quem quiser saber mais sobre o que os membros da Bola de Neve pensam sobre temas como homossexualismo, tatuagens e namoro, segue o link do fórum da igreja:

No tópico "Assuntos Diversos" você verá várias opiniões dos jovens membros, como a mensagem a seguir:

"Se você faz ou deixa de fazer tatuagens por amor e respeito a cristo, isso é um assunto seu e de DEUS. Agora vai de cada um fazer aquilo que bem entender, porque se Deus não se agradar com aquilo que essa pessoa estiver a fazer, pode ter certeza...ele falará com ela. Eu como muitos tenho vontade de fazer um dia uma tatuagem..... e nem por isso DEUS me deixará e/ou irá me abandonar. Na graça de cristo e na paz do senhor, um grande salve aos meus irmãos."

Vale a pena conferir!

domingo, 14 de junho de 2009

A Prancha e a Bíblia

Foto do púlpito em forma de prancha da Bola de Neve Church (retirada da web). Quer saber o porquê do formato? Leia o post "Uma onda de fé".

Entrando no Clima

Tentamos colocar os vídeos aqui, mas não deu muito certo. Então, abaixo estão dois links de vídeos do YouTube que, segundo a pessoa que postou, foram spots para rádio criados para a Bola de Neve Church. São áudios curtos que, com uma linguagem descontraída e característica dos surfistas, contam passagens da Bíblia. Há quem diga (comentários feitos nos vídeos) que não são utilizados. Mas achamos interessante postar porque expressam o "clima" da igreja.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Uma Onda de Fé


Vamos apresentar aqui, através de reportagens, um dos nossos campos de pesquisa: a Bola de Neve Church. A matéria a seguir foi publicada no jornal Folha de São Paulo em 14 de Dezembro de 2003 e fala sobre a origem e doutrinas básicas da igreja (grifos nossos):

"Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, 31, surfista, formado em propaganda e marketing e pós-graduado em administração, fundou a igreja. De família batista, sua experiência religiosa tornou-se intensa em 1992. Na época, bebia, era usuário de drogas --"nada que prejudicasse na escola"-- e teve uma hepatite séria. A sensação de morte foi forte.

Ele passou a frequentar a neopentecostal Renascer em Cristo. "Em 1999, havia o chamamento, a sede de falar do amor de Deus." Então Rina, como é mais conhecido, fundou a Bola de Neve.

Ele pensava que iria encontrar resistência do pai. Este então relatou que a mãe de Rina havia tido problemas no parto. O pai fez uma promessa pela salvação. Teria dito: "Meu filho é Teu".

Rina aponta como motivo para a fundação da igreja a necessidade de levar a mensagem de Deus em uma linguagem especial. Ele queria uma igreja com capacidade de transmitir o evangelho de forma mais pessoal.

Na visão do fundador da Bola de Neve, o crescimento das igrejas evangélicas é uma resposta ao crescimento da violência, do uso de drogas e da miséria. Nesse contexto, a sede de se aproximar do bem seria proporcional.

A igreja é liberal com relação à vestimenta. São permitidas tatuagens. É exigente em relação a outros aspectos: cigarro e bebidas alcoólicas são proibidas. E os corpos sarados só estão liberados para o sexo após o casamento."

Quanto ao curioso nome da igreja e ao púlpito em forma de prancha de surf, há um explicação disponível no site oficial (
www.boladenevechurch.com.br). Após fundar a igreja, o apóstolo Rina não tinha um nome para denominá-la. "Não demorou a aparecer um que expressasse a realização do sonho, uma Bola de Neve, que começando pequenininha, vira uma avalanche."
O problema seguinte era o local das reuniões, mas foi logo resolvido: "... quando não tínhamos nem onde nos reunir, Deus levantou um empresário do mercado surfwear, o grande amigo e irmão Jackson, para nos abençoar. Proprietário da HD, Hawaiian Dreams e, na época, licenciado da Rip Curl no Brasil, ele montou na empresa um auditório para workshops de relógios e roupas de borracha, com capacidade para 130 pessoas. (...) Este foi nosso primeiro endereço às quintas e domingos."
A prancha de surf foi a saída encontrada para a falta de lugar onde apoiar a Bíblia e acabou tornando-se a maior marca da igreja. Hoje há 26 Bolas de Neve espalhadas pelo Brasil. Todas elas com uma prancha no lugar do púlpito.

Em breve contaremos nossas experiências na visitação da igreja e as entrevistas realizadas. Aguardem!